quinta-feira, 31 de maio de 2012

Análise do grupo

            O objetivo desse trabalho é discutir e analisar a importância das creches na formação dos cidadãos, considerando que a base da sociedade é a educação e que deve ser fomentada e incentivada pelo Estado.
            A atual situação das creches no DF é de precariedade. A insuficiência no número de creches públicas de qualidade não consegue atender a demanda social, que é um direito garantido na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente.
            Como base teórica de nossa análise, utilizaremos o modelo Incrementalista no qual a ação de políticas públicas é uma reestruturação de ações realizadas anteriormente que necessitam de reparo ou que foram negligenciadas, ou seja, liga-se à micro-política e à busca de soluções para problemas mais imediatos.
            Identificamos na nossa análise que a quantidade hoje existente de creches públicas não consegue atender a grande parte da população, principalmente as carentes. Além de ser um direito fundamental para o desenvolvimento da criança que o Estado deveria oferecer, atinge também a questão da autonomia da mulher trabalhadora.
            A grande maioria das creches que funcionam atualmente no DF e entorno dependem essencialmente de doações e da boa vontade de cidadãos. A visão Incrementalista sugere que o governo definirá suas prioridades que serão atendidas independente da necessidade do problema e da pressão dos outros atores (visíveis e invisíveis).
            A presidenta Dilma Rousseff lançou recentemente o Programa de Atenção Básica à Primeira Infância – Brasil Carinhoso, um formato de política social que abrange a construção de 1.512 creches em municípios. A prioridade é ter creches em todas as regiões do Brasil, principalmente nas mais pobres. O Governo Federal promete repassar às Prefeituras, de forma imediata, os recursos para custear cada nova vaga aberta nas creches públicas ou conveniadas. A meta do governo é construir 6 mil creches até 2014.

        Observa-se que nas campanhas políticas a expectativa sempre excede à realidade e que os números fazem parte das plataformas eleitorais. A busca da solução não está somente na construção das creches em si que envolvem o espaço físico e a verba, questões essenciais. De acordo com a nossa pesquisa analítica, concluímos que a grande dificuldade do funcionamento dessas creches encontra-se na manutenção das mesmas.
        Os requisitos básicos para o funcionamento eficaz de uma instituição que atende crianças diariamente envolve desde a contratação de profissionais qualificados a um bom gerenciamento dos recursos destinados à manutenção do espaço (água e luz), o fornecimento de materiais para o desenvolvimento de atividades e fundamentalmente do abastecimento dos provimentos necessários para as refeições básicas dessas crianças atendidas.
            No presente momento o grupo realiza uma pesquisa acerca do funcionamento de algumas creches do DF, assim como as políticas públicas adotadas neste governo.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Maria das Graças banca uma creche no Guará II com a própria aposentadoria

 
Assim como ter talento para a medicina ou para as artes, fazer o bem pode ser uma vocação. É o sentimento que transmite Maria das Graças Cardoso, 62 anos, a Vovó Graça, dona da Creche Comunitária Estrela Guia, no Guará II. Há cinco anos, a senhora de jeito acolhedor e sotaque nordestino cuida de 60 crianças, de 2 a 5 anos, durante todo o dia, sem cobrar nada. Com a ajuda de (poucos) voluntários, oferece, além de alimento e conforto, algo ainda mais durável: o afeto.

Quem chega ao local, próximo à QE 40, é recebido pelas crianças com abraços sinceros. Os pequenos braços são carentes de alguém em quem se aconchegar. São filhos de mães solteiras, quase sempre. Mulheres que trabalham como empregadas domésticas e antes não tinham com quem deixar as crianças. A mãe de Graça, Ofélia Cardoso, exercia a mesma profissão, no Piauí. “Eu era criança e ficava com meus dois irmãos, para minha mãe trabalhar. A gente morava em Teresina. O mundo não tava tão perigoso e a gente podia contar com os vizinhos, se tivesse emergência”, lembrou.

Graça mudou-se da terra natal cedo, na adolescência. Queria estudar no Rio de Janeiro. Sonhava ser professora. Conseguiu. Formou-se normalista e dava aula para crianças. Anos depois, em 1973, passou a viver no Distrito Federal, em Ceilândia, quando o marido, um vigilante, foi transferido para a capital. Aqui, o casal teve sete dos nove filhos. Antes que eles pudessem crescer, o pai foi embora. Ficou para Graça a tarefa de criar os pequenos sozinha. “Eu tive muito medo do que podia acontecer. Em uma cidade grande, com violência e drogas. Levei todos para a igreja e conversava muito com eles.”

A mãe teve de repetir o que viu na infância: deixava o filho mais velho, de 12 anos, cuidando dos outros oito para poder trabalhar. “Eu ficava com a cabeça o tempo todo em casa. Pensava que eles podiam se machucar. Deixava o almoço pronto, tudo no lugar certo, e ia trabalhar de coração na mão. Não tinha outro jeito. Não dava para pagar alguém.”

Depois de ver os rebentos adultos, Graça aposentou-se como professora. Certo dia, uma vizinha bateu à sua porta. Precisava deixar o filho com ela. Não havia outra opção. Era para ser só uma vez. Mas o pedido tornou-se frequente. Outra vizinha soube que Graça levava jeito com as crianças. Implorou para ser socorrida também. Graça, que não sabe dizer não, fez da própria casa uma creche.

O número de crianças aumentou. Era preciso “profissionalizar” os cuidados. Anos depois, Marcelo, um dos filhos de Graça, conseguiu um terreno no Guará II. A mãe não pensou duas vezes e quis erguer uma creche. O rapaz concordou. Construiu quartinhos de madeira frágil. A casa passou a receber meninos e meninas que não tinham onde ficar.

Eles vinham de Águas Lindas (GO), Samambaia e outros lugares. Graça esperava a ajuda do governo, que nunca chegou. Gostaria também de contar com apoiadores, que não apareceram em grande quantidade. Mesmo assim, meses depois, conseguiu melhorar as instalações e transformou os cômodos usando tijolos e cimento. Os pais doaram seu tempo, aos fins de semana, para ajudar nas obras. “Eu costumo dizer que estou sempre com o pires na mão, pedindo alguma coisa”, afirma.

Investimento
O dinheiro da aposentadoria passou a ser usado para comprar alimentos (muitas verduras e frutas) e produtos de limpeza, pagar contas de água e de luz, entre outras despesas. O salário, porém, não é suficiente. “A gente sempre viveu de doação. Eu tenho fé: quem faz o bem não fica sozinho. Levanto da cama pensando: Deus proverá. E alguém bate na porta e doa um punhado de carne. E assim vamos levando”, relata.

Mesmo com as dificuldades, ela não deixa de oferecer o melhor para seus pequenos. O cardápio é balanceado. Há sempre uma mistura para acrescentar ao arroz com feijão cotidiano. Seja carne ou ovo, nos pratos mais simples, o tempero é sempre caprichado. A verdadeira comida de avó. “Minhas amigas falam que usariam o dinheiro da aposentadoria para viajar. Mas nada no mundo vai me dar mais satisfação que o trabalho com essas crianças. O abraço delas é verdadeiro”, destaca.

Entre os pais de beneficiados pela ação solidária, há gente de renda muito limitada (ou nenhuma), como carroceiros e moradores de rua. Graça convive com muitas realidades. Algumas chocantes. Antes de ir para a creche comunitária, Eduarda* passava os dias na carroça, com o pai. Quando a fome apertava, revirava lixeiras em busca de comida. A menina se alimentava de frutas estragadas. Vivia doente. Quando seu caminho se cruzou com o de Graça, ela passou a ter horários organizados, banhos diários, saúde.

Outra hóspede, Natália*, vive em uma invasão com os pais. Quando chegou à Estrela Guia, começava a perder os cabelos. Graça estranhou. Levou-a a um hospital, onde foi detectado que a menina era atacada por fungos, provavelmente vindos de cavalos. A creche providenciou o tratamento. Natália quase ficou careca, mas agora começa a melhorar. “Se todos fizessem um pouco, o mundo seria menos violento. A criança amada se torna um adulto melhor”, ensina Graça.

Despesas
Os gastos, porém, são tão grandes quanto a satisfação em ajudar. As contas de água e luz, juntas, chegam a R$ 1,2 mil. O pagamento do telefone — usado para convidar novos voluntários — sai por volta de R$ 150. Carne, manteiga, leite e verduras raramente chegam como doação. Diariamente, são 60 banhos, pelo menos. As crianças passam a manhã e a tarde na creche. Só vão para casa depois de jantar. Nos fins de ano, Graça providencia cestas básicas para os pais. A intenção é suprir o período de uma semana de recesso de Natal e ano-novo.

Com o aprendizado da vida, Graça sabe que é preciso cuidar também das famílias. Ela promove reuniões entre as mães. Oferece também cursos gratuitos, como pintura em pano de prato e cabeleireira. “Essas mães, muitas vezes, têm a autoestima baixa. Algumas nem sequer abraçam os filhos. A gente tenta conversar. Nós somos um pouco de tudo, de amiga, médica a psicóloga.”

Quando as crianças passam dos 6 anos, é Graça quem faz a pré-matrícula de cada uma delas, em escolas públicas. Todas ganham uma festa de formatura, antes de se despedir. Graça gostaria de ter mais vagas e espaço, para poder abrigar gente de várias idades. Mas não há verba. Enquanto não encontra uma solução, a avó honorária vê os netos partirem. Protetora, tem sempre a sensação de que ainda são pequenos demais para explorar o mundo lá fora. Lugar tão diferente da pequena Estrela Guia, onde o carinho é a lei.

* Nomes fictícios, em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente.

COLABORE
Quem quiser ajudar a Creche Estrela Guia pode ligar para 3567-0006 ou obter mais informações enviando e-mail para: crechestrelaguia@hotmail.com



O DF tem o menor percentual de crianças com até 5 anos em creches

Ivonete gasta um terço do salário para deixar um dos filhos com a babá

 A capital federal tem a maior renda do país e ostenta o menor índice de analfabetismo entre as unidades da Federação. Mas quando o assunto é a oferta de educação a crianças com até cinco anos, Brasília ocupa uma posição vergonhosa: a cidade tem o menor percentual de meninos e meninas matriculados em creches. Apenas 16,3% dos brasilienses nessa faixa etária estão inseridos na rede pública de ensino. O percentual é muito inferior ao registrado em estados do Norte e do Nordeste. No Maranhão, Piauí e Ceará, por exemplo, cerca de 35% das crianças estão matriculadas nesses estabelecimentos. A média brasileira é de 29,3%.

O descaso com os brasileiros que têm menos de 5 anos é ainda mais evidente diante dos dados do Censo que mostram um crescimento lento da população nessa faixa etária. A taxa de fertilidade caiu. Portanto, nascem menos crianças. E essa demanda poderia ser atendida mais facilmente. O ensino infantil, que consiste na primeira etapa da educação básica, não é obrigatório, mas existe um grande movimento para que esse se torne um dever do Estado. “Os resultados mostram o tamanho do desafio e a necessidade de um grande empenho por parte das políticas sociais para aumentar a taxa de atendimento das crianças de zero a cinco anos de idade”, diz um trecho do documento de análise dos dados do Censo, assinado pela presidente do IBGE, Wasmália Bivar.

Além de representar uma tranquilidade para os pais, a presença de crianças nas creches é importante para a formação delas. “A escola é uma agência socializadora de desenvolvimento. A literatura mostra que, com a educação infantil, a criança adquire maior capacidade para solucionar problemas, além de ganhar uma maior competência cognitiva”, explica o professor do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília Áderson Costa.

A Secretaria de Educação do DF reconhece o grande deficit de vagas em creches. Segundo a diretora de Educação Infantil, Edna Barroso, existem apenas oito mantidas pelo governo, mas a pasta paga matrículas de crianças em 44 instituições particulares. Ao todo, 6,5 mil crianças estão nas creches do governo. A diretora afirma que os números devem melhorar a longo prazo. “As creches exigem investimento alto porque os prédios têm que ser adaptados e o número de professores e monitores tem que ser muito maior.”

A balconista Ivonete Soares Rodrigues, 27 anos, espera pelos investimentos. Mãe de duas crianças, ela gasta um terço do salário para poder trabalhar. Hugo, de 7 anos, já está na escola. Mas Ivonete não conseguiu creche para o caçula, Heitor, de 3. “Tenho que pagar R$ 190 por mês para a moça que cuida do menino mais novo. Esse dinheiro faz muita falta no fim do mês, mas não tem outro jeito, já que nunca consegui vaga em creche do governo”, lamenta.



quinta-feira, 10 de maio de 2012

Nenhuma creche foi construída no primeiro ano de Dilma.

  
Na disputa presidencial de 2010, Dilma afirmou que iria construir 6.427 creches até o fim de seu mandato, mas a promessa ainda não saiu do papel. Atyé o momento, nenhuma nova creche foi entregue.
Para cumprir uma promessa de campanha feita pela presidente Dilma Rousseff, o novo ministro da Educação, Aluizio Mercadante, terá que inaugurar pelo menos 178 creches por mês, ou cinco por dia, até o fim de 2014. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), responsável pelo ProInfância - que cuida da construção dessas creches – pagou até agora R$ 383 milhões dos R$ 2,3 bilhões empenhados. No primeiro ano de governo, a execução do ProInfância ficou em 16%. Nenhuma obra foi concluída. Na campanha, a presidente chegou a fixar a meta de construir 1,5 mil unidades de ensino por ano. O deficit do País hoje é de 19,7 mil creches.


                                                                                  Fonte: www.chicosantanna.wordpress.com

Propóstas do Governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz no início de seu mandato em 2011.

• Ampliação da rede de creches públicas;
• multiplicação de oportunidades de educação profissional, no ensino médio regular, nos cursos do ensino de jovens e adultos e no ensino tecnológico;
• implantação da Universidade Distrital;
• implantação de escolas com jornada integral;
• reestruturação física das escolas públicas;
• informatização e qualificação dos equipamentos; e
• valorização dos professores e funcionários.















                                                                                          Fonte: www.maiscomunidade.com

A insuficiência diante do número de creches públicas no Distrito Federal.

     Pesquisas revelam que das 165 mil crianças de zero a três anos do Distrito Federal, apenas mil estão matriculadas em creches públicas. O número reflete a quantidade ineficiente de creche pública na capital do País.
    Segundo o Ministério da Educação, em 2007, das 224 instituições em funcionamento no DF, apenas 11 eram públicas. O Diário Oficial de dezembro de 2010 informa que a previsão do orçamento para a Educação do DF gira em torno de R$2,9 bilhões. Deste montante, 15% do total – R$ 417 milhões – seriam destinados à educação infantil, que abrange a construção de creches públicas. Na divisão da verba, Ceilândia, a maior região administrativa do DF, teria no caixa apenas R$ 20 mil para a construção de creches comunitárias.



                                                                                       Fonte: www.sinprodf.org.br